quarta-feira, 20 de julho de 2011

Eu sou um coral dentro de um arquipélogo 1

Ao fazer 33 anos notei algumas mudanças. E eu estranho. Variações de humor tremendas tal qual ondas gigantes em meio ao temporal num mar arredio e destemperado. Outras com a calmaria de levar um marinheiro experiente a loucura, quase sem sair do lugar, com movimente tão ínfimos que um ponto de pressão não suporta a leveza de se pensar em ser. Por vezes ondas divertidas de praia como quem surfa ou pega jacaré com as crianças.
Nunca tinha percebido o meu mundo assim. Nunca tinha entendido a força da maré de amar e compreender algo tão insólito como a vida. Nunca tinha entendido a beleza de expressar e ter outrem a me entender sem ser por meio de meu Vesúvio pessoal e incandecente de agonias e alegrias.
Reparar as conchas, peixes, ostras, baleias, tubarões, golfinhos, golfos, baías, areias, praias, mangues, ovas, tartarugas, seixos, algas, caravelas, corpos e corais.
Eu era um desses. Imóvel agregando e gerando algo marinho, eu, coisa, crescente.
Eu me alimentava e me alimentava outros.Eu crescendo e crescendo outros.Eu abrigo e difculdade.
Mas mais volúvel e voluptuoso, mais areia e calcificação. Imóvel mas em constante mudança.
Tenho lá meus aliados e fixo-os em meus estreitos recônditos. Era um que se multiplicava em vários e sou vários ao mesmo tempo em forma de vida, em conceitos, em desamches em velhices em juventude e maturidade em confirmadades.
Uma vez em cresço em algo metálico que está ali perto. Me infiltro e arrebento estruturas, permeio e crio fissuras, transformo aquilo que não conhecia em algo meu. Sou adquirido e adquiro e ao mesmo tempo não faço parte mas sou conjunto. Separo, amparo, desmonto e recrio.
Não há nada de diferente nisso, só a minha percepção. Minha noção de espaço e conquista. Entendimento meio que tardio e luzidio no fim do crepúsculo.
Refletem em mim sons meio que gemidos e gerados a longos caminhos e correntes de distância, da mesma maneira que algo criado abandonado se valendo para ser ouvido mesmo sem esperança.
Seus sons desalinhados, desafinados e agudos fundem-se com o reflexo da luz em meus sentidos. Vivo também a partir disso. Eu como outros. Eu como outros e também vivo disso.
Tudo me estranha perece, parece derradeiro e imortal. As vistas de entendidos ou não é verdadeiro ou imoral é engendrado como um quebra-cabeça e irracional.
Não se compreende.
E eu quero, busco uma compreensão sobre isso. Mas só consigo entender parcamente o que sinto. E isso me confunde.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Escrevo pela simples razão
de que é assim que entendo o mundo
meu fluxo de pensamento é escrito
é o diálogo comigo e com o meu mundo
escrevo pelo simples e-motivo de ser
de criar um espaço metafísico pra mim
de sentir que posso ser uma criação diferente
diferente no sentido de ser todo dia
de ser eu em busca todo dia
escrevo e de maneira sem princípios também
e quero escrever sem ser serafim
nem uma luz ser for
quero sim traço palavras sim me perco e acho sim
já que quando eu menos espero
me vejo e vejo você e satisfaz o desejo
desde o arcabouço até o coração.

Escrevo e quero o simples em amoras amores e horas
em revistas em riscas de giz em massa em pasta
em lacres em garrafas em vestal beleza
em lances sujos e sabores agridoces

Um rosto que não é meu
um posto que é meu o meu frente ao espelho
a barba por fazer
os pelos a crescer
e na esperança de alguma idéia a acrescentar.

primeiro

um espaço para coisas
um espaço para mim
um vale infinito
de coisas que acontecem
dentro de mim
quero vagar por aí dentro e fora
e por vezes fazer algo arqueológico
e redescobrir minhas memórias.

Tiago Carneiro

18/07/2011