sábado, 11 de janeiro de 2014




Vou colocar a minha camisa de linho branco
Vou manchá-la de vinho tinto
Pois meu desejo é ter algo colorido

Vou destoar com a minha camisa de linho branco
e pingos vermelhos

acho melhor esfregar também um pouco do agrião, mel e gengibre

para que, se não eu, a minha camisa fale com a garganta limpa
mesmo bêbada de vinho as verdades e desejos que habitam o peito.


Tiago Felipe Viegas Carneiro  01/01/2013

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Arco-Íris 1



Fui subindo a rua

e no que eu via de horizonte
(e muitas pessoas viram)

estava um feito único, um duplo arco-íris

Eu nunca tinha visto arco-íris daquele jeito, de dois.
Em meio a cidade do caos
A cidade suja
A cidade inóspita
A cidade que massacra
A cidade que me deu amor

Ela me deu isso em meio ao caos

Me deu uma esperança

Eu que estava com medo de subir aquela rua
tive uma esperança e uma força

Depois desse fato eu
o arco-íris
a rua
a esperança

fomos subindo juntos


do estômago direto para o coração
de uma forma que ele se abriu pleno

a certeza se viu serena

achei ali, como todos viram,
um pote de ouro.




Tiago Felipe Viegas Carneiro 10/01/2014

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014





caminhando assim pela noite
suando a camisa
e Caetano soando outras palavras

deixo pra trás então as palavras de hoje que tinham
aquele sabor amargo de uma culpa que não via motivo para carregar

aquele afeto ali era meu, não era de qualquer ou para "qualquer" outra pessoa.
aquele desejo era o meu e a dúvida e a culpa era dela também.


é caminhando assim pela cidade
e será assim caminhar pela cidade procurando soluções

que estejam elas dentro da sala da terapeuta ou dentro de mim
que sejam elas passageiras, reentendidas, pois podem passar desapercebidas

reconstruindo assim a noite
tirando o açoite das costas e sabendo que ser livre também tem responsabilidades.


Tiago Felipe Viegas Carneiro  06/01/2013

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014




vastos campos queimados

a vida ali não se renovaria


passa o tempo enterram-se as cinzas


que ao voltar a terra se refazem
em dias soltos e esperanças

queima o tempo na cabeça
queima o pranto na cachaça

queima no canto da dor na poltrona


as cinzas deveriam como eu fiz com meus jardins
não cresce nada pois não são adubos nem escombros

mas o que há por baixo se volta a sempre nascer.



Tiago Felipe Viegas Carneiro 06/01/2014


domingo, 5 de janeiro de 2014




agora te vejo

pra saber o que é

e o que será daqui em diante

pois um dia antes ou outro bem mais tarde foi um dia de domingo


teve um que foi sábado e você nem soube

teve outro que foi quinta e você sentiu

mas o problema eram às segundas

agora te vejo pra saber o que é

o que é que acontece quando não podemos ser

uma saraivada explicita de quereres que não se tocam

uma distância dantesca por não se saber amar múltiplo
pois o mundo não entende assim.

Tiago Felipe Viegas Carneiro 21/12/13

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014



eu sei que vou me amar

por toda minha vida

recomeçar

a recomeçar

como as colheitas e a lua vadia


a reiniciar como o ano que me promete

quero jogar na panela todos os temperos que joguei nas panelas da vida.

e vou me bastar pra isso.

Sozinho, claro, astuto e muitas vezes incauto e burro.


Ah Mr. Tiagojangles
és um selvagem do amor rubro e incasto.

Nada é puro com você.
Nem o favor lhe é puro.

você é muito fora de você e do seu próprio tempo.

elemento água.
suplemento? ar.


Tiago Felipe Viegas Carneiro 04/01/2013





muitas vozes

quero um momento de desaparecer

quero um momento único de solidão

são vozes internas de mais que não escuto

e mesmo assim elas reverberam nos sentimos outros

que nada tem a ver com isso




muitas nozes

que já temperaram o meu saber

muitas voltas para eu preender

pois com agora não é

estou sozinho.

Tiago Felipe Viegas Carneiro  04/01/2013


cansado dos velhos hábitos
mudei de vestes

mas errei quis revestir-me.


  ¨



prostrado dos velhos modos
vesti-me
pois me pondo nú não há compreensão que aguente.



¨


Nem nú
Nem só

apenas os raios de sol conscientes enredeiam a minha cabeça.

desse tanto de adubo nessa terra rala nasce uma flor.


Tiago Felipe Viegas Carneiro 04/01/2014


Isso não é verdade, encontrar um colo amigo em meio a muitas verdades.
Pois então cada um era uma verdade ali.
E nada era mais encalacrado.
Eu me senti bem. Era como se eu estivesse comigo de novo depois de muito tempo.
Livre.
Me livro.
Escrevo dores, amores, bem estar e as impressões que me causam esse mundo.


Não, não é deslealdade encontrar um coito amigo em meio a toda essa bagunça.
Pois nada mais ali era enclausurado pelo não poder desejar
Era só aquilo, sacanagem, carinho e mais nada.

Eu me senti um eu, se era o de ontem que eu esperava
se era o do futuro que almejo? Não, era eu, com uma decisão limpa e o agora.

Me senti bem, me senti distante e ali de novo.

E já começo a vislumbrar um caminho realmente sozinho.
Escuto melhor assim minhas vozes internas.


Tiago Felipe Viegas Carneiro  04/01/2013


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

acabou o chorare
carneiro carneirinho

faz zumzum e mel
com o próprio novelo da tua lã
acorda com o mel derramado na boca

aconchega teu próprio corpo na cama
e teu lar é o mundo, é uma cama confortável

entra lá no teu mundo
faz zumzum e deita

sonha com tudo azul
pois do fim o azul é a cor mais demente do amor
é quando tudo do amor precisa de paz

volta a se enrolar no tecido que produz
deixa o vento frio acontecer e se aqueça
assim é constituído o teu viver

faz humhum e lã

se deixa livre e tonto

põe essa desculpa e faz o que sempre quis acontecer


se deixa pronto e faz o que lhe couber fazer

vai tanger a valsa-funk e compor sem ritmo

pois dado o teu tecer, a vida é tudo fluída
és fugidio do que não mais se encontra
canta tua cantiga de ninar e que faz outros despertar
dorme
se põe só, e mel!

se desperta a tempo de não perder o que é bom de ver
o que do bonde dá pra ver


nuvem de lã

abelha de flor em flor e descobre o que é o pólen
e dele faz um mel mais gostoso

vai ninar

e deixa

faz se ninar

e se deita


face de ninar

e deixa


carneiro, Carneirinho

faz teu mel e pronto.


Tiago Felipe Viegas Carneiro  01/01/2014