terça-feira, 30 de agosto de 2011

Verso

Verso

sinto saudade de você
do meu sentido inacabado sem palavras
nem meias lavras laboradas
nesse campo de labutador.

tem dias em que sou abandonada
por pouco por um sentido que não expressa
a imensidão do que queremos
Te apraz esse dizer ?

Meu complemento é você
seja eu em Hai-Kai
seja eu numa mistura serena de nuvem carregada
de desabafo.

Sou eu essa tradução do teu olho castanho escuro
Sou eu essa mudança de fisionomia
se defrontando no espelho a fazer a barba
que nesses anos veio engrossando.

É, nunca te abandonei e você me fez féu e cantada
me fez véu sendo descoberto de prazer e fúria sútil
Serei eu sereia e ela senha deste motim ?

Beiro eu o teu precipício escuro
desde as noite de jardins, as amarguras das madrugadas insones
sou eu teu meio teu princípio teu conhecimento
teu vislumbre de realidade
sou eu tua lubrificação d´olho para realidade
sou eu essa necessidade de fim e preciso
sou eu tua parva
e sois vós meu mestre confuso
num misto de confúcio e animal prenhe e indócil.
Não sabes onde chegas mas sou teu meio
te sou cara face e feito
te sou graça afago e peito.


Preciso de você para ser.


Tiago Felipe Viegas Carneiro 30/08/2011 22:41



Reverso

escrevo
preciso me libertar e criar
me fazer através de exercícios
constantes
sinto saudades suas
da sua significância e do se contorno
cada pausa cada fonema
escrevo pois és a minha crise
meu consolo meu solo para noutro momento compartilhar.
Sonoro prum sonho no outro emendar.
Escrevo para encontrar a saída do labirinto
ou para me perder mais e enfrentar o minotauro
para deixar a frase irônica e definitva
a que vai na lápide séria de pedra
que de maneira alguma representa o peito
aberto e a cara estranha que se desenhará debaixo da terra.
Escrevo pois a menina lépida e voraz do pastoreio
dira se presta ou não o conhecimento pouco de letras
e muito pouco de mim mesmo.




Escrevo cavucar - rebuscar as sensações
já que não sinto no presente e tenho dúvidas
se é proveito o feito no passado nas minhas expressões de agora.

escrevo desabafar - é reconhecer a extrema capacidade dos outros
poetas de se fazerem ouvir em meio ao grito da voz opressora do meio.

despejo escrevinhar - fazer o o que faço agora

rescrever e poetizar - deixar o cachorro gritar a tv latir e juntar meus cactos
para sentir melhor

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

percepção e cotidiano 2.

lá estava eu em frente a espelho
queria nada
simplesmente nada

mas me virei e vi partes

partido

particionado

particípio

tudo naquele rosto era passado

quando fui ver o presente já foi

as pessoas já se foram

as coisas já se formam

e nem se dão conta

só se tem uma conta que não se nota.

Cotidiano e percepção.

sem tempo para palavras
passo a ser
ser passar ao largo nos dias de hoje
dum tempo
notar o que está ao lado
o que está do outro
detrás e pra frente
as paisagens são vistas não mais em retratos profundos
são engolidas polidamente como na mesa do almoço de uma hora
se vira e desvira do tempo
não se faz mas questão de desvendar
agora só se venda a arte de repetição
desfigurada arte
arte se foi embora como naquele retrato profundo do almoço
a arte se esvai embora não seja perene
arte se vai embora quando não vemos o que é mais sapore da vida.

Eu me entendo ?