sábado, 17 de novembro de 2012
ESTRANHO
Estou estranho
Me sinto pesar
Peso muito
Tenho a noção de que não sou leve
Leve é a brisa fria que bate nas noites do sudeste
Quente é o ar raivoso que brada fundo do meu coração
Estou confuso e me escondo onde dá
você me dá, me escondo
você precisa, me escondo lá
você me quer, me escondo lá
não há nada mais.
Estou branco, e criolo e cafuso.
Não sou aqui no meu intelecto o santo
sou o mais perverso, o intenso
sou nada, sou qualquer coisa
Me sinto livre, invento
sou de vida, de noite
sou de pessoas de gentes de sentimentos que ensinam
as pessoas me ensinam
mas não tenho um mestre
e depois desse tempo de vida também não tenho um ensinamento para passar.
Tiago Carneiro
18/11/2012
Reflexão
*sem revisão
Reflexão
Nestes dias, muitas vezes, os
rostos são impassíveis de boa vontade. Nada laceia essa bocas para um sorriso.
O mundo que chegou aqui com a globalização fez a gente se levar muito a sério.
O povo hoje em dia não gosta de conversar com
os velhos seja no ônibus ou no metrô. Qual o medo que se tem deles? Qual
o medo deles?
Esse tempo em que temos o fetiche
pelo moderno, pela excessiva quantidade de tempo em diversão, pelo tempo que
gastamos no trânsito, pela nossa imobilidade política, pelo nosso consumo
extraordinário de álcool, energéticos, tonificadores musculares e pelo
comunicador mais moderno em nossos bolsos para que no primeiro momento de tédio
mostremos a nós mesmos que ali não é o único lugar em que posso estar, produz
um conteúdo cuja qualidade é inversamente proporcional a quantidade produzida.
Essa lógica insana, a que estamos
submetidos, deixa a todos deslocados. Não vejo como seria possível obter outro
olhar sob essa cidade.
Sucesso é algo medido. Bem estar
é algo medido. Se divertir é somente a quantidade de álcool e música que a
gente ouve. Houve um tempo em que se divertir era discutir até a última gota de
cerveja do copo. E que o trabalho tinha um valor mensurável. Hoje não sabemos o
valor de uma vida. Às vezes vale uma bala que o estado paga, ou os dez reais da
paranga, ou o carro financiado ou até o financiamento da casa.
Sério que muitas vezes tento
entender a lógica do obter e ser aquilo que obtenho. Se eu tenho as não usufruo
o que sou então? Se eu tenho e usufruo sei o que sou. Ou o que tento ser. Nada
é mais isso. Segundo a nossa lógica o tempo voa. A vida passa e temos que
trabalhar e temos que nos divertir.
Esquecemos que temos que
refletir, pensar e sair para executar. Só assim podemos sair do olhar do sob e
ter o olhar do sobre.
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